quarta-feira, 1 de junho de 2011

Artigo 3 - Gincana

Saúde, Ética & Justiça. 2007;12(1/2):15-21.
Ana Gabriela da Silva Kohatsu, Fernanda Shimabukuro
Gilka Jorge Fígaro Gattás

Utilização dos testes de mutagenicidade para a
avaliação de exposição ocupacional

A genética toxicológica tem como objetivo detectar e entender a ação de substâncias genotóxicas sobre o organismo. Esta especialidade da genética avalia as agressões que o DNA e os sistemas reguladores celulares sofrem, bem como as estratégias para se defender ou corrigir as falhas ocasionadas. O DNA é molécula estável que pode ter suas sequências de bases alteradas gerando uma mutação que poderá ser herdável. Além das mutações, os rearranjos cromossômicos também podem alterar o DNA. As mutações podem ser gênicas quando envolvel bases púricas ou pirimídicas, ou cromossômicas quando sofrem alterações na estrutura ou no número dos cromossomos. Agentes físicos, químicos e biológicos causam essas alterações,estão incluídos os fármaco, ondas eletromagnéticas, antibióticos, conservantes alimentares, substâncias que afetam o sistema nervoso central, pesticidas, vírus e alguns protozoários. O câncer é considerado uma doença genética que se manifesta pelo acúmulo de mutações no DNA no decorrer de um espaço de tempo, quase sempre longo. O acúmulo de alterações no material genético da célula depende de vários fatores endógenos como sexo, idade e constituição genética. E depende também de fatores externos como hábitos de consumo, alimentação, uso de medicamentos, exposição a químicos, entre outros. Nesse sentido, as exposições ocupacionais podem atuar como agentes silenciosos na indução de danos no DNA, sendo crescente, por exemplo, o número de processos produtivos que são considerados potencialmente cancerígenos, ou seja, atividades nas quais observase o desenvolvimento, em excesso, de câncer entre os trabalhadores que as exercem. Além das exposições ocupacionais, os hábitos de consumo como ingestão de bebidas alcoólica,. Utilização dos testes de mutagenicidade para a avaliação de exposição ocupacional. tabagismo, drogas ilícitas e medicamentos, além da dieta, parecem influir na incidência de aberrações cromossômicas. Desde a Antiguidade, há relações entra trabalho e saúde-doença. Estudos de biomonitoramento em populações humanas, expostas ambiental e/ou ocupacionalmente a altos níveis de misturas complexas de poluentes aéreos urbanos demonstram um risco genotóxico em humanos com a formação de adutos de DNA e conseqüentemente, incidência aumentada de danos cromossômicos. Estudo epidemiológico demonstrou que pessoas moradoras de áreas urbanas possuem um risco aumentado de câncer de pulmão quando comparadas às que moram fora das áreas metropolitanas, devido a grande quantidade de impurezas que são inaladas do ar. Dentre as ocupações com possíveis riscos à saúde inclui-se a de motoristas de ônibus, pois estes profissionais frequentemente relatam dores nas costas, doenças pulmonares, alergias e hipertensão, entre outras. Especialmente sujeitos às complicações de saúde estão os motoristas de grandes cidades como São Paulo, diariamente expostos à poluição, principalmente compostos químicos resultantes da emissão de veículos automotivos. Entre esses compostos está o benzeno, substância capaz de formar adutos e danos no material genético, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer. Em trabalho realizado com 24 motoristas de ônibus da cidade de São Paulo, utilizando-se o teste do micronúcleo observou-se uma freqüência de células anormais maior, que a encontrada no grupo considerado como controle, de 13 motoristas de ônibus afastados da função. Apesar do número reduzido de indivíduos, os resultados parciais dessa pesquisa, realizada com pacientes em atendimento no Serviço de Saúde Ocupacional do HCFMUSP, sugerem a ampliação desse projeto para avaliação da possível inclusão de protocolos de acompanhamento periódico desses profissionais.

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